

Recentemente, sofri ferimentos graves no rosto, que me deixaram cicatrizes que ainda estão em processo de cicatrização. Ao voltar para casa para uma reunião familiar, não estava ansioso pelos olhares nem pela compaixão. Coloquei meus fones de ouvido e adormeci enquanto os outros passageiros embarcavam.
Acordei no meio do voo e ouvi uma discussão acalorada acontecendo ao meu lado. Um casal havia se sentado ao meu lado, e o homem ao meu lado começou a reclamar em voz alta:
ELE: “Você não percebe que está assustando a minha namorada? Pode ir para o fundo?”
A mulher ao lado dele puxou o suéter para cima para cobrir o nariz. Fiquei em silêncio enquanto ele chamava uma comissária de bordo.
ELE: “Ela precisa se mexer. Ela está nos incomodando.”
A comissária de bordo assumiu uma expressão séria e, sem dizer uma palavra, caminhou em direção à cabine. Momentos depois, a voz do capitão soou pelo interfone.
Senhoras e senhores, gostaria de lembrar a todos que este é um voo compartilhado. Todos os passageiros têm o mesmo direito ao seu assento. Desrespeito ou discriminação contra qualquer passageiro não serão tolerados. Agradecemos a compreensão.
A cabine inteira ficou em silêncio. O homem ao meu lado se remexeu desconfortavelmente no assento, mas não disse mais nada. A mulher virou o rosto para a janela.
Achei que era o fim. Coloquei meus fones de ouvido de volta e tentei descansar um pouco. Mas uns vinte minutos depois, notei o homem cochichando com raiva para a mulher. Consegui captar alguns trechos — algo sobre “estragar a viagem deles” e “por que pessoas assim viajam?”.
Não consegui fingir que não ouvia mais nada.
“Eu paguei por este assento, assim como você”, eu disse, mantendo a voz calma. “E não vou a lugar nenhum.”
A mulher me encarou, os lábios comprimidos em uma linha fina. O homem zombou, mas antes que pudesse responder, a comissária de bordo voltou com um segundo tripulante.
“Senhor, senhora, se houver outro problema, teremos que pedir que fiquem quietos ou que considerem alternativas assim que pousarmos. Seu comportamento beira o assédio”, disse o comissário com firmeza.
O homem tentou argumentar, mas suas palavras falharam. “Estamos apenas… desconfortáveis, só isso.”
“Então talvez você devesse refletir sobre o porquê disso”, disse o segundo membro da tripulação gentilmente, mas com firmeza.
As pessoas nas fileiras da frente e de trás começaram a virar a cabeça. Algumas até assentiram em apoio silencioso. Senti um calor estranho no peito — não exatamente alívio, mas algo próximo disso.
Mas foi aqui que aconteceu a reviravolta.
Cerca de uma hora antes de pousar, o homem se levantou e foi ao banheiro. Quando voltou, estava pálido. Sentou-se e sussurrou algo urgente para a mulher, que parecia igualmente abalada.
O comissário de bordo voltou para verificar como estavam. Desta vez, o tom do homem era completamente diferente.
“Podemos tomar um refrigerante de gengibre? Acho que não estou me sentindo bem.”
Em poucos minutos, a mulher estava segurando um saco de vômito, e o homem parecia prestes a desmaiar. A comissária de bordo correu para buscar ajuda. Um passageiro da primeira classe — aparentemente um médico — voltou para ajudar. Após uma rápida verificação, o médico se inclinou e sussurrou algo para a comissária.
“Senhora, senhor, parece que ele está tendo uma crise de ansiedade. Você vai ficar bem”, ela o assegurou suavemente. “Tente respirar lenta e profundamente.”
A ironia não passou despercebida por ninguém. Ali estava um homem que alegava que eu estava deixando ele e a namorada desconfortáveis — agora eram eles que estavam sendo consolados pela tripulação.
O resto do voo transcorreu sem incidentes. Quando pousamos, os paramédicos os encontraram no portão de embarque. Enquanto eu pegava minha mala no compartimento superior, a mulher me olhou de relance, seus olhos encontrando os meus brevemente.
E pela primeira vez, vi algo diferente em seu rosto: não desgosto, nem medo, mas talvez… constrangimento.
Quando saí do avião, a comissária de bordo que havia me defendido mais cedo me alcançou no terminal.
“Você lidou com isso com muita elegância”, disse ela baixinho. “Espero que saiba disso.”
Sorri. “Obrigada por me apoiarem. Você e o capitão.”
Ela assentiu. “Somos todos apenas pessoas, senhora. Algumas pessoas às vezes esquecem disso.”
Mais tarde naquela noite, sentado à mesa da cozinha dos meus pais, cercado pela minha família, refleti sobre tudo. Meu tio, que sempre teve um jeito de simplificar as coisas, disse da melhor forma:
“Cicatrizes não assustam as pessoas. A feiura interior delas, sim.”
E ele estava certo.
Eu costumava me preocupar que as pessoas só enxergassem meus ferimentos quando olhassem para mim. Mas a verdade é que as pessoas revelam muito mais sobre si mesmas do que sobre você quando reagem assim.
Nunca sabemos o que alguém está passando. Gentileza nunca custa nada — mas pode significar tudo.
Se você já se sentiu julgado pela sua aparência, pelo seu passado ou pelas suas circunstâncias, lembre-se disto: o problema raramente é você. São os próprios corações pequenos.
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